um parágrafo da Clarice sucumbe o sismógrafo o lilás o nervo
também sobrevivemos dentro daquilo que sucumbe
que cotidianamente
estremece chacoalha
tentando pelo menos sentir novamente a sensação
de possuir uma alma no meio dessa catástrofe
dessa dose perversa de analgésico
fêmur lesionado
topografia do instável
neurônio fervido na mesma temperatura
do porão de um navio negreiro
com a fantástica sobrenatural teimosia de ainda entregar-se
a alguma biodiversidade, algum bioma,
algum solo recuperado com praticas orgânicas;
de entregar-se á farmácia mágica da leitura de poema
que te auxilia nesse trajeto íngreme globo aterrorizante;
que te auxiliam na exaustão,
canteiro de ervas medicinais cultivado
entre os escombros dos prédios demolidos,
terrenos baldios, matadouros clandestinos de leitões e carneiros.
aquele curandeiro com seu cortejo de nossa senhora do rosário
ainda chegará na sua aldeia emocional
tomada de estresse, anti-depressivos e cordas.
nos instantes de ameaças e enchentes
a respiração
a resiliência
a serra do espinhaço entrecortando a espinha dorsal
a lua minguante de dezembro
a proteína quando tudo estoura
ou quando tudo
flutua.